O que é um vampiro? (I)

Kris Steaveson é praticante da mágicka, em suas várias formas, há cerca de dez anos. Como muitos vampiros que também são bruxas éticas, Kris "despertou" para sua natureza, pouco depois de iniciar suas práticas, e lutou para reconciliar sua natureza com suas crenças. Atualmente, é líder provisória de uma ordem mágicka, autora e artesã. Nos últimos seis anos tem um negócio doméstico, criando instrumentos para rituais feitos à mão. Apesar de ser aberta quanto às suas práticas e crenças, leva uma vida reservada.


Minha experiência com o vampirismo
por Kris Steaveson


O vampirismo, da forma que o experiencio, é uma condição que impede a geração e circulação normais de energia no corpo. As pessoas comuns ganham em seu nascimento a habilidade de gerar e processar a própria energia, assim como a de outras fontes naturais. Por alguma razão, nós, como vampiros, não conseguimos. Para algumas pessoas, isso é manifesto através da necessidade (ou de percebido como necessidade) de alimentar-se de sangue, um poderoso conditor de energia humana. Para outros, se manifesta como uma necessidade direta daquela energia, na forma de prana ou chi, uma necessidade que pode ser ainda mais devastadora.

O vampiro clássico tem uma imagem romântica, hoje em dia. Suave, esperto, andrógino e desejável. Qualquer um que veja esses seres sedutores entra em uma armadilha reluzente e é penetrado, por sua vontade, por fim. O vampiro dos e livros é o grande amante e também a imagem de Anjo e Demônio, simultaneamente.

E existe o vampiro psíquico. Este é uma pessoa funcional boa parte do tempo, tão mortal e sem graça quanto qualquer outra. Porém, por causa dessa forte necessidade de energia humana, o vampiro psíquico também parece com um viciado, encolhendo-se nos cantos, com a terrível necessidade de dose energética.

Para nós, não existe medicamento, terapia, tratamento - a não ser alimentar-se e continuar se alimentando. Não há espaço para o romantismo, para a fechada reluzente hollywoodiana. Somos vistos como sangue sugas, agressores descontrolados, pessoas que fazem isso pela emoção. Poucos compreendem que nossa necessidade é como a necessidade de comida. Ainda que alguns usem de forma ruim, todos precisam de um mínimo para manter a saúde. Os vampiros psíquicos devem se alimentar para se manter.

Descobrir quem e o que eu era foi um processo longo e doloroso. Por muitos anos, fui maníaca-depressiva e tive um grave problema cardíaco. Estava devastada pelo sentimento de fraqueza, letargia pelo desejo, nos dias ruins, de deitar e morrer. Uma noite, senti que me estendia e absorvia energia de alguma coisa. Essa energia curou minhas enfermidades de uma forma que nunca havia ocorrido em minha vida. Desde então, tenho feito meu melhor para fazer isso de forma ética, e com isso consigo manter-me saudável. Como para tantas pessoas que hoje possuem restrições alimentares, foi um processo lento de aprender a manter o equilíbrio entre a saúde e a gula.

Fiz muitas pesquisas on-line, geralmente comparando com meus sentimentos e com outras fontes. Descobri que eu não era como os outros: minhas experiências eram específicas e minha alimentação ainda mais. O sangue tinha algum apelo, mas não era do que eu precisava. Eu não criava laços com aqueles dos quais me alimentava. Podia retirar energia do meio ambiente se me concentrasse e o fizesse conscientemente. Não tinha que me alimentar de outras pessoas, mas em geral era melhor para mim se o fizesse.

Alimentar-me tem uma sensação particular difícil de descrever. Não é como uma agitação, de forma alguma. Eu assemelho essa sensação à inalação profunda de ar puro. Meu corpo desperta e fica atento a sensações quase imperceptíveis. A diferença entre o "antes" e o "depois" é marcante. Meu humor e vitalidade melhoram, minha mente fica mais clara e meus reflexos progrediram. A energia é como uma xícara de café pela manhã, e qualquer um que tenha acordado cedo por conta de seus afazeres diários entende essa sensação.

De início, minhas crenças foram afetadas por essa revelação. Como uma bruxa ética, eu lutei, assim percebi que era uma vampira, para reconciliar minhas necessidades com a minha fé. A alimentação, para mim, era qualificada sob uma ideia arquetípica de "mal"... e naquela época eu acreditava naquela "Wicca" para as massas que dizia que não deveríamos nem mesmo tr pensamentos rudes. Com o tempo, eu desenvolvi uma visão mais orgânica da espiritualidade. Os animais caçam e matam para se sustentarem, mas eles o fazem sem crueldade. Para mim, essa é a essência de todos ser vivente e algo pelo qual as pessoas deveriam lutar: a sobrevivência sem crueldade.

Isso mudou a forma como eu praticava minha fé, pois eu não poderia mais fingir que todas as ações não tinham dano. Mesmo comer um sanduíche de pasta de amendoim priva outra pessoa (ou ao menos priva bactérias) daquele mesmo sanduíche. Causamos dano aos esporos quando respiramos. Realizamos genocídios de bactérias quando lavamos as mãos, e a lista poderia continuar. Da mesma forma, qualquer pessoa trabalhando em um feitiço está pegando e gastando energia, de si mesma ou da área. E isso priva alguém, em algum lugar, daquela energia.

O vampirismo me coloca em uma posição interessante nos rituais. Faz com que seja, ao mesmo tempo, mais fácil e mais difícil trabalhar com outros. Eu trabalho com energia mais facilmente, e posso criar uma rede com as energias das pessoas, inconsecientemente. Entretanto, quando eles sentem minha energia trabalhando ou descobrem o que sou, tendem a querer que eu saia. O vampirismo é quase tão popular nos círculos paganistas quanto o cristianismo fundamentalista. Isso está mudando lentamente, mas ainda existem pessoas prontas e determinadas a transformar você em um monstro somente porque o vampirismo é parte do que você é.

O vampirismo, para mim, é uma condição da alma que pode ser causada somente por duas coisas: ser espiritualmente não humano ou por danos graves e pertencentes aos corpos espitiruais. Em ambas, acredito que o vampirismo em si é causado pelo mau ajuste entre o corpo energético e o humano. Em alguns casos, o corpo é moldado para se ajustar a essas mudanças, e o resultado são enfermidades físicas graves. Somos afetados por uma diabetes espiritual que não tem cura e pode apenas ser gerenciada com o equivalente a uma insulina espiritual.

O vampirismo psíquico mudou a forma como eu enxergava o mundo dramaticamente, pois eu reconhecia as diferenças e similaridades não só entre corpos e mentes, mas entre almas também. Isso me faz, naturalmente, aceitar melhor os sentimentos e crenças dos outros - pois eu ouso crer que minha alma é formada diferentemente, então é melhor que eu aceite que mais alguém não é humano, ou tem gênero errado para seus corpos.

Isso me tornou mais consciente do lado invisível das coisas. Energia, espírito e matéria estão todos em um jogo espantoso e delicado. Eu me sinto deslumbrada e humilde diante dessa realidade. Não posso ignorá-la, como não conseguiria ignorar meus membros. Tenho a obrigação de estar consciente
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Definições:


Vampiro psíquico: indivíduo que precisa regularmente de energia vital humana para manter seu bem-estar físico, mental, emocional ou espiritual. A maioria deles, acreditam que precisam suprir seus sistemas com essa energia vital por uma das seguintes fazões: eles não produzem energia suficiente, seus sistemas consomem a energia rápido demais ou são incapazes de processar energia de outras fontes forma do espectro humano. Um vampiro psíquico pode tomar a energia à distãncia ou através do contato físico.

Conselho Wiccano:
centro dos princípios éticos no coração da fé wiccana, o Conselho Wiccano declara que "Se não há mal na palavra, pensamento ou ato, faça como quiseres". Para muitos wiccanos, o vampirismo psíquico é visto como antiético porque o ato de retirar a energia vital de outro ser humano é visto como danoso sob qualquer aspecto.

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