O que é um vampiro? (VIII)

Kiera é enfermeira profissional e uma das cinco fundadoras da Aliança de Vampiros de Atlanta - AVA. Sua pesquisa sobre a comunidade vampiresca, assim como sobre os estudos esotéricos, começou no início dos anos 1990. Até o desenvolvimento da Aliança de Vampiros da Atlanta, Kiera percorria um caminho solitário, mais voltada para a investigação espiritual e aquisição de conhecimento do que para entrar em uma Casa por motivos sociais.


Revelações
por Kiera da Casa AVA

Sou uma pessoa profundamente espiritual, embora eu não me alinhe com nenhuma religião emparticular. Ao longo do curso de minha busca por sentido pessoal, eu pesquisei o xamanismo céltico e siberiano, Wicca, paganismo, vodu, taopismo, budismo e a espiritualidade dos nativo-americanos. Embora nenhum desses caminhos parecessem explicar tudo que eu tinha encontrado em minha vida, todos eles me ensinaram algo de valor.

Desde criança, sinto uma conexão espiritual profunda com a deusa Mãe Terra e também com o caminho nativo-americano. Recentemente, li um arigo escrito pelo ex-professor de Harvard Berry Fell que liga os símbolos celtas de Ogham aos símbolos achados em sítios arqueológicos nativo-americanos em New England que datam de 800 a.C., aproximadamente.  Através dessa evidência arqueológica, agora há prova do contato entre europeus e nativo-americanos antes doImpério Romano, muito antes mesmo dos Vinkings terem se estabelecido brevemente na América do Norte.

Durante anos afirmei que a religião celta e a Wicca moderna tem paralelos significantes a sistemas de crenças nativo-americanos, assim em essência este artigo deu validação ao sistema de crenças que sempre sentia mais próximo da minha visão pessoal.


Então eu comecei a reconsiderar minhas visões sobre o vampirismo moderno, e foi a partir daí que minha revelação começou.


Eu sei que algumas pessoas escolhem se associar com o termo vampiro /vampiro por muitas razões, e não ouso tentar mencioná-las todas aqui. Porém, a maioria dos psi-vampiros declara ter um déficit de energia que causa fome física e necessidade de alimentar-se de energia vital ou emocional encontrada em outras pessoas e em multidões, ou a energia natural de reservatórios elementares.

Energia não é estagnada. Não pode ser consumida sem liberar energia de outra forma. Nosso "Farol" não é uma manifestação do campo de energia concentrada que nos cerca? É a chama que atrai as mariposas a nós.


A energia flui livremente. Aqueles que sabem canalizar isso, têm uma grande vantagem em comparação com as almas não-despertas que não podem ou não querem ser engolidas primeiro para então serem fortalecidas pelas correntes poderosas que fluem dentro de todo átomo de matéria neste plano de existência. Talvez essa seja a explicação mais verdadeira para o vampirismo moderno, uma habilidade inata para canalizar e digerir as forças da natureza.

Se você olhar ao longo de outras culturas e períodos de tempo, existem todos os tipos de profissões  para as quais nos viramos em tempos de necessidade: profetas, videntes, médicos feiticeiros, santos, padres curandeiros de fé, xamãs, curandeiros naturais, herboristas, bruxas, e até mesmo enfermeiras. O que todas essas pessoas têm em comum? Através de um ritual ou cerimônia, essas pessoas aumentam e manipulam energia. Elas usam essa energia para curar outros assim como fortalecer seus próprios dons. Em essência, elas são os manipuladores de energia de vários níveis e arquétipos. E não é isso que um psi-vampiro é? Um ser humano que pode extrair e manipular energia para o próprio uso pessoal? Importa que rótulo damos a isso? Vampiro, bruxa, xamã - os sintomas são todos os mesmos.

Vampiros são os manipuladores de energia no mesmo ramo de outros manipuladores de energia aceitos ou mesmo acolhidos pela sociedade como xamãs, curandeiros, instrutores de Reiki ou diversos outros praticantes espirituais e mágicos. Nós podemos ser benéficos, encorajadores e estar em harmonia com a comunidade humana. É uma escolha que cada indivíduo faz de acordo com sua própria moral e ética.

Ainda assim vampiros são vilificados frequentemente como sugadores de energia, cevadores de energia, seres que levam e não dão nada em retorno. Eu proponho que não haja nenhuma diferença entre cevadores de energia e trabalhadores de energia. No fim, a energia é cíclica. Você não pode abrigá-la como se fosse um dragão que vigia seu tesouro. A energia que parece ser destruída só é modificada.


Como é possível achar que nós só colhemos a energia dos outros? Não devolvemos essa energia aos outros dia após dia, especialmente em nossas profissões? Como enfermeira, a cada paciente que eu toco e conforto é dada a minha energia. Frequentemente, a gratidão e calor humano de meus pacientes fazem com que a mesma energia volte para mim. Nós trocamos - curandeiro e curado.


Eu conheço um vampiro que é massagista. Ainda que ele possa ficar se alimentando inadvertidamente da energia ambiente de um cliente, ele também investe muito de sua energia física, espiritual e mental no dia-a-dia de sua profissão. Um sem número de vampiros, através de suas profissões, demonstra investimentos semelhantes de energia.


Meu argumento é que essa difamação é, em primeiro lugar, injusta e inexata. Em segundo lugar, cria um estigma social que eu acredito que muitos vampiros usem como um manto de culpa por causa da natureza de seu ser. Muitos vampiros são ou forçados a sentirem-se culpados por este estigma ou achar um pouco de satisfação masoquista se açoitando simbolicamente com isso. Essa é a clássica Síndrome de Louis de Pointe du Lac, sob a qual meditamos: "Serei eu um mal inato para minha própria natureza: Está além do meu controle: Estou condenado?"

A necessidade de consumir energia para aliviar um déficit prânico não é exclusiva ao vampirismo. Se você buscar no xamanismo, há um conceito chamado Curandeiro Ferido, em que um curandeiro na verda sofre dano físico por causa da quantidade de energia que ele canaliza para curar o outro. O Praticante gasta tanto da própria energia de força vital que ele fica debilitado e precisa juntar energia para recarregar as baterias. Este é o preço que se paga por um dom. Nada é gratuíto.

Francamente, e essa é uma opinião que provavelmente irá atiçar algumas pessoas, não acredito que os psi-vampiros precisem ter energia para sobreviver. Devido a um acidente de carro, eu fiquei boa parte de oito meses isolada de todas as pessoas, sozinha durante noventa por cento do tempo. Eu não enfraqueci e nem morri plea falta de alimentação de energia. Existem muitos anciões em nossa comunidade vampírica que contam sobre épocas em que sua fome ocultava-se, às vezes, por longos períodos de tempo. Alguns relatam que eles pensavam ter sido "curados" do vampirismo - até que a fome reapareceu. Foi assim comigo. Eu não tinha oportunidade de saciar minhas necessidades e, ainda assim, elas não apareceram durante aquele tempo.

Em minha opinião, os vampiros gostam de alimentar-se. Gostam de usar seu carisma para seu benefício. Gostam da emoção. Se tivermos um déficit de enegia (e isso nunca foi provado concretamente), é algo leve, que não ameaça nossa sobrevivência e com o qual podemos conviver. Talvez fiquemos um pouco distraídos quando estamos com baixa energia e ficamos um pouco rabugentos - mas não morremos.

E quando não somos capazes de ingerir energia devido a circunstâncias que nos isolam, os sintomas que sofremos são mais próximos da desintoxicação de álcool ou drogas do que daqueles de má nutrição. Os sintomas que a maioria dos vampiros atribuem à falta de alimentação são letargia, incapacidade de concentrar-se e irritabilidade. Não são esses sintomas mais relacionados à abstinência do que à fome?

Talvez o motivo pelo qual o título deste artigo é "Revelações" é eu acreditar que, muito frequentemente, a comunidade vampírica assim como os indivíduos que a compõe esquecem de ir além em seus pensamentos. Eles leem vários textos on-line ou em publicações e aceitam a informação como se fosse o Santo Graal.

Já foi dito que o psi-vampirismo resulta de um déficit de energia, o que pode ou não ser verdade, ainda assim, a maioria toma isso como palavra divina. Eu acredito que textos e pessoas mais velhas podem ser recursos valiosos, mas isso não significa que nós, como vampiros, devemos simplesmente esperar receber nossas crenças prontas. Os seres humanos receberam um lobo frontal por uma razão: aprender, explorar e questionar.

Em última instância, os vampiros também são gente! Temos profissões, famílias, amigos, responsabilidades e valores morais. Somos todos indivíduos e muitos de nós seguem códigos éticos, morais e religiosos distintos. Existem os vampiros arquetípos que atacam as pessoas vagorosamente. Porém, eles são realmente mais terríveis que o Jack, o Estripador, John Gacys e Jeffrey Dahmers - desviados da sociedade "normal" dominante? Como qualquer outro aspecto da sociedade, os vampiros produzem seus santos, assim como seus monstros. Isso é simplesmente da natureza hamana. Nós fazemos nossas escolhas, e essas escolhas nunca são universalmente más - ou universalmente boas.

Entre os vampiros, existem queles que classificaríamos como bons, maus e tudo que houvesse entre uma coisa e outra. A maioria dos vampiros são, basicamente, seres humanos decentes que têm uma questão extra com a qual lidar ou a que devem aceitar completamente. Por acaso estamos atentos a energias que a maioria das pessoas escolhe ignorar ou de fato ignora. Isso nos dá um grande poder, mas também uma responsabilidade maior de usar esse poder de forma sábia.








Definições:

O Farol: os vampiros psíquicos têm assinaturas energéticas diferentes, e outros vampiros psíquicos parecem ser particuarmente sensíveis a essas assinaturas, mesmo que o indivíduo em questão não saiba o que é, de fato, um vampiro. "O Farol" é o termo usado para descrever o sexto sentido que muitos vampiros psíquicos têm um sobre os outros. O Farol ganhou uso generalizado na comunidade vampírica.

Vampiros e serial killers:
diversos autores populares sobre o arquétipo do vampiro insistem em identificar certos serial killers como vampiros. Alguns dos serial killers, como Jeffrey Dahmer, são conhecidos por terem consumido porções de suas vítimas. A subcultura vampírica compreensivelmente se opõe a ter assassinos loucos como Jack, o Estripador, identificados como vampiros "reais", mas a ligação persiste. Isso se deve em grande parte a Elizabeth Báthory, conhecida como  a Condessa Sangrenta. Nobre húngara que viveu entre 1560 e 1614, conta-se geralmente que Báthory assassinou jovens mulheres para banhar-se no sangue delas. Supostamente, ela o fazia para manter a própria juventude e beleza. Apesar de a Condessa Sangrenta histórica ter mesmo torturado e talvez matado centenas de jovens, as histórias de seus banhos de sangue habituais estão relacionadas mais à lenda do que com os fatos. Seus laços com vampiros ou vampirismo permanecem na imaginação popular, entretanto, e esses laços se tornam mais persistentes por ela ter sido uma parente distante de Vlad Tepes, o herói valaquiano que serviu como inspiração histórica para Drácula.

Sindrome de Louis de Pointe du Lac:
em Crônicas Vampíricas de Anne Rice, Louis, o "filho" vampírico de Lestat, é a quintessência do "vampiro relutante", consumido pela culpa e pelo remorso de sua própria existência. Na comunidade vampírica, que não pode evitar ser influênciada pelos retratos dos vampiros na cultura moderna, alguém que luta excessiva e desnecessariamente contra o susposta mal de sua natureza vampírica é algumas vezes comparado com o personagem de Anne Rice.

Comentários:

Postar um comentário

 
Ferramentas do Vampiro © Copyright 2009 | Design By Gothic Darkness |